quarta-feira, 19 de junho de 2013

Entrando na Rasa Lila

"Entrando na Rasa Lila”
A gloriosa partida de
Srila Sripada Bhaktisvarupa Damodara Swami
Vijaya Dasami, 2006
Escrito por: os servos de Sripada Maharaja lhe
ajudando em Calcutá
Traduzido por: Ramananda Das


Srila Sripada Bhaktisvarupa Damodara Maharaja, o bem amado filho espiritual de Srila A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, desapareceu deste mundo mortal durante o período de Ratrilila da Astakaliya lila do Senhor Sri Krishna no Vijaya Dasami, que de acordo com o Panchangam desse ano, é o dia mais auspicioso desse ano no calendário de 2006. O desaparecimento de Sripada Maharaja ocorreu em Calcutá, o lugar do sagrado aparecimento (Janmasthan) do seu divino mestre Srila Prabhupada. Calcutá também é o lugar sagrado do qual Sua Divina Graça Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur escolheu desaparecer. Devido ao profundo e intenso amor pelo seu divino mestre Srila Prabhupada, ele não só escolheu Calcutá como seu lugar de trabalho, mas também como seu lugar de desaparecimento.

A insistência de Sripada Maharaja no compromisso com as instruções de Srila Prabhupada é bem conhecido e nós esperamos que sua dedicação as instruções de Srila Prabhupada irão servir como um exemplo ilustre para comunidade mundial de devotos, agora e no futuro.

Como muito de vocês devem ter ouvido, houve uma grave explosão de bombas dentro do complexo do templo da ISKCON Manipur em 16 de agosto de 2006, no dia de Sri Janmastami. Seis devotos incluindo duas crianças deixaram esse mundo e acima de quarenta devotos foram seriamente machucados. O corpo de Sripada Maharaja também foi machucado durante essa explosão. Ele tinha um corte profundo e osso fraturado no seu antebraço esquerdo, uma pequena perfuração em seu tímpano esquerdo e uma pequena queimadura em suas costas nas suas costas. Depois de um tratamento preliminar em Manipur e executar as cerimônias de sraddha para os devotos que partiram, Sripada Maharaja veio a Calcutá em 25 de agosto de 2006 aonde ele foi atendido no Hospital Apollo. Lá, ele se submeteu a operações bem sucedidas no seu antebraço e orelha. Ele foi liberado do hospital em 9 de setembro de 2006. No 19 de setembro de 2006, Maharaj visitou o hospital para um checkup de rotina. Na época a queimadura de suas costas tinha quase se curado e os médicos estavam surpresos de quão rapidamente o osso fraturado do seu antebraço estava se ajustando. O corte do seu antebraço também estava curando.
Quando estava retornando do hospital para seu flat Sripada Maharaja nos pediu para procurar no seu quarto e achar seus áudio cassetes de Manipur Nat Sankirtan (Rasa Lila). De 10 de setembro de 2006, até o dia do seu desaparecimento, o humor de Sripada Maharaja e seu comportamento estava diferente do que já tínhamos experimentados. Todos os dias, ele ouvia e cantava esses cassetes o dia inteiro, exceto quando ele estava tomando seu remédio, prasadam ou um pequeno descanso. Nós pensamos que Maharaj estava pegando leve durante sua recuperação, pois sua programação normal era muito ativa e ele nunca tirou um tempo para ouvir os cassetes de Kirtan. Os cassetes de Manipuri Nat Sankirtan que ele estava ouvindo eram Kirtans cantados na lingua Manipuri, que descreve os passatempos do Senhor Sri Krishna e Srimati Radharani. Uma vez que nós não entendemos a língua Manipuri, Sripada Maharaja, durante seu almoço, algumas vezes nos explicava o que estava sendo cantado nas fitas. Ele dizia que essas canções descrevendo a Rasa Lila eram tão atrativos que podia-se esquecer completamente esse mundo. Ele disse, “Este mundo é um lado e aquele mundo é o outro lado.” Ele sempre estava em um humor completamente feliz e dizia que estava se sentindo mais entusiástico do que nunca.

Uma tarde, Sripada Maharaja nos explicou que uma das canções Manipuri descrevia o andar de Srimati Radhika como de uma graciosa elefante fêmea. Sripada Maharaja expressou muitos outros detalhes sobre os passatempos de Sri Sri Radha e Krishna, entretando, devido a nossa infeliz falta de qualificação nós não pudemos entende-las e nem fizemos quaisquer gravações de Sripada Maharaja durante esse período. Sripada Maharaja descreveu como é executada a Rasa Lila de acordo com a antiga tradição Manipuri. Ele nos contou que uma vez ele discutiu a Manipuri Rasa Lila com Srila Prabhupada e disse que Srila Prabhupada estava muito contente com a profunda cultura Manipuri Vaishnava.
Nós perguntamos a Sripada Maharaja como a cultura Gaudiya Vaishnava e essas melodias peculiares Manipuri vieram a Manipur, Sripada Maharaja disse que essas canções e a cultura devocional são de Narottam Das Thakur cujos discípulos vieram a Manipur e iniciaram o Rei Bhagyachandra Maharaja. As melodias foram desenvolvidas pelo próprio Bhagyachandra Maharaja e alguns reis subsequentes de Manipur. Enquanto explicava mais, Sripada Maharaja descreveu como a execução de Rasa Lila é feita na tradição de Manipuri. Primeiro começa com a glorificação de Gaura Lila e daí o Senhor Gauranga é requisitado a vir e ser o principal espectador da Rasa Lila. As glórias do Yuga Dharma Hari Nam Sankirtan são exaltadas, e orações são cantadas ao Senhor Nityananda. Somente então começa a Rasa Lila.

Uma semana antes do seu desaparecimento, Sripada Maharaja, em um humor profundo, escreveu uma canção transcendental na língua Manipuri. Ele então cantou e gravou para todos os devotos. Agora muitos devotos tem uma gravação dessa canção transcendental. Ela foi cantada no que nós seus discipulos, chamamos “sua voz de gopi”. As palavras escritas de Sripada Maharaja para essa canção e tradução são como se segue:

VRAJAPREMDA LUPPE
ANGAOBAGUMLE
RADHABU THIRAKLE
SRI GAURANA
Tradução: Imerso nos pensamentos amorosos de Vrajaprema, Sri Gauranga Mahaprabhu está procurando por Srimati Radhika como um louco.

KEIDANO BRINDAVAN
KEIDANO KUNJAVAN
KADAIDA LEIKHRE
SAKHISHINGDUNA
THIRAKLE RADHABU
SRI GAURANA

Tradução:
“Onde está Vrindavana
Onde está Kunjavan
Onde estão as Sakhis?”
Chorando repetidamente pronunciando estas palavras, Sri Gauranga Mahaprabhu está procurando por Srimati Radhika como um louco.

HARE KRISHNA HARE KRISHNA
KRISHNA KRISHNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA
RAMA RAMA HARE HARE

Em 1 de outubro de 2006, Sripada Maharaja discutiu com alguns de seus discípulos do IIT Kharagpur sobre a conferencia programada em Jagannath Puri intitulada: ‘Conferencia sobre a busca espiritual e ciência 'Todos os estudantes da Índia’. Os palestrantes e os tópicos das seções para a conferencia foram finalizada durante a discussão. Naquele dia, ele também escreveu uma carta ao Presidente da Índia para a conferencia. Por volta de 8:30 – 9:00 da noite Sripada Maharaja tomou um pouco de sopa no seu jantar e depois disso foi descansar, assim como nós. Por volta de algumas horas depois Sripada Maharaja levantou de sua cama e andou para escritório adjacente, onde alguns de seus assistentes estavam dormindo. Ele acordou um deles e lhe pediu para vir em seu quarto. Ele estava extremamente alegre. Ele perguntou, 'Que horas são?' Seus assistente disseram que era 10:35 da noite. Sripada Maharaja então lhe pediu para que colocassem gelo nos seus dedos esquerdos, pois ele estava sentindo um pouco de calor e no seu ombro esquerdo aonde ele estava sentindo alguma dor. Sripada Maharaja então chamou na lingua Manipuri por seu assistente Manipuri mais velho, que estava descansando por perto, para vir e massagear seu ombro. Nós ficamos surpresos que apesar de Sripada Maharaja estar afirmando que estava com alguma dor, ele estava ao mesmo tempo, excessivamente alegre e feliz. Foi somente um momento depois que Sripada Maharaja inclinou sua cabeça ligeramente para trás e desapareceu desse mundo. Um dos seus assistentes chorou 'Não Sripada! Você não pode fazer isso!' Nós estávamos chocado com o que estava acontecendo. Nós imediatamente chamamos dois assistentes que estavam no outro quarto. Todos nós começamos massagear os pés e as mãos de Sripada Maharaja esperando que nossos querido Guru Maharaj despertaria do seu Samadhi. Mas Sripada Maharaja já tinha entrado na divina Rasa Lila do Senhor Sri Krishna.
No dia seguinte, o corpo transcendental de Sripada Maharaja foi trazido para o templo de Sri Sri Krishna Balaram em Sri Vrindavan Dham por uma noite. Lá, muitos devotos tiveram seu darshan antes da cerimonia de Samadhi que ocorreu no próximo dia, 4 de outubro de 2006. Pelo desejo de Sripada Maharaja lhe colocaram em Samadhi no Gopaldeva Mandir nas margens do Sri Radhakunda, no dia auspicioso do dia de desaparecimento de Srila Raghunathadas Goswami (nosso Prayojan Acharya), Srila Raghunatha Bhatta Goswami e Srila Krishnadas Kaviraja Goswami.

Para os discípulos e amigos de Sripada Maharaja nós sentimos que seu desejo de entrar em Samadhi no Sri Radhakunda abriu agora uma residencia eterna para nós no Sri Radhakunda. Para seus discípulos, o Samadhi do Guru é o lugar para meditar nos passatempos do seu Guru Maharaja e sua respectiva associação pessoal com ele. Durante os passatempos de Sripada Maharaja em seu corpo manifesto, ele arranjou para que nós tivéssemos passatempos maravilhosos com ele em seu Sri Gopaldeva Mandir em Sri Nabadwip Dham. Agora enquanto nós começamos sua lila imanifesta, ele nos trouxe todos ao Sri Radhakunda e nós não podemos expressar nossa gratidão em palavras. Sripada Maharaja costumava dizer que não é quanto dinheiro você coletou, quantos templos você construiu ou quantos homens você tem, é quão puro você se tornou.

Um resumo da Lila Manifesta de Sripada Maharaja

Sripada Maharaja apareceu em uma família de Gaudiya Vaishnava em Manipur, India. Ele foi um naishtika bramachari e sempre estava absorto nas performances de Rasa Lila que ele cresceu junto em Manipur. Do primeiro dia que Sripad Maharaj encontrou Srila Prabhupada em Los Angeles em 1970 até seus últimos dia manifestos em Vijay Dasami de 2006, cada minuto de sua vida foi dedicada a cumprir as instruções de Srila Prabhupada. Srila Prabhupada deu mais instruções pessoais a Sripada Maharaja do que a qualquer outro discípulo.
No vale pitoresco de Manipur, em uma vila chamada Toubul, nasceu uma bela criança na quinta-feira, 9 de Dezembro de 1937, para Sri Yogendra Singh e Srimati Keinahanbi Devi. Sendo Vaishnavas, eles deram o nome a seu filho de Damodara, um dos santos nomes do Senhor Sri Krishna. Sri Yogendra Singh era um cantor devocional na tradição de Nata Sankirtan. Do mesmo momento do aparecimento de Damodara nesse mundo, seu pai, Sri Yogendra encheu seus ouvidos com os sons devocionais dos santos nomes e passatempos do Senhor Supremo. Srimati Keinahanbi Devi, a esposa fiel de Sri Yogendra e mãe adorável de Damodara, também providenciou seu filho com uma atmosfera espiritual de lembrança e reverência pelo Senhor Sri Krishna.
A segunda guerra mundial afetou grandemente o vale silencioso e pacífico de Manipur. Criou muitas dificuldades para as pessoas de Manipur e forçou Damodara a enfrentar uma série de incidentes lamentáveis. No começo do verão de 1945, a fase final da segunda guerra mundial, nas vilas de Manipur. Damodara era somente uma criança de sete anos quando as circunstancias compeliram sua familia a saírem do seu humilde e pacífico lar no vale. O pai de Damodara trouxe sua família a um barraco nas margens do rio Yangoi, que corre no lago Loktak, afim de abrigá-los das bombas e outros perigos da guerra. Não muito tempo depois de deslocar ao barraco o Pai de Damodara abruptamente faleceu de tifoide.

A guerra eventualmente veio a acabar, e logo após, pela vontade da Providencia, Damodara foi separado de sua mãe e duas irmãs e foi viver com um tio. Seu tio era muito pobre e lutando para pagar os custos médicos de sua filha que estava seriamente doente. Apesar de ser somente uma criança, o jovem Damodara podia ver a situação econômica desesperançosa e não querendo ser um peso para ninguém Damorada insistiu que ele fosse permitido viver sozinho. Seu tio estava relutante, mas devido a sua condição financeira ele foi obrigado a concordar.

Com a idade de doze anos, Damodara estava vivendo por sua pŕopria conta, dependendo do dinheiro do cultivo de arroz deixado por ele pelo seu pai. Trabalhando nos campos para se manter, Damodara não tinha tempo para se dedicar a seus estudos. O jovem Damodara enfrentou todas essas dificuldades com grande coragem e determinação. Ele nunca reclamava sobre o quer que fosse.

Alguns anos mais tarde, pelo esforço amoroso de Sri Yadav Singh, o professor da escola primária de Damodara, arranjos foram feitos para que Damodara fosse cuidado por um tio distante, Sri Kerani Singh. Sri Kerani Singh era colega de Sri Yadav Singh e ele demonstrou muita afeição a Damodara e tomou conta de todas suas necessidades. Naquele tempo, sendo totalmente provido, Damodara conseguiu terminar seus estudos. Seus professores lhe achavam um estudante dedicado, humilde, sincero, aplicado, brilhante. Todos eles lhe amavam.

Quando Damodara tinha catorze anos ele ficou seriamente doente com tifoide. Os médicos da vila anunciaram que logo Damodara morreria. Entretando, pela misericórdia de Sri Krishna, sob os cuidados de seu tio e um médico naturopata da cidade de Imphal, Damodara, depois de jejuar por quarenta dias e beber somente soro de leite, se recuperou milagrosamente.

Da sua tenra infância Damodara se atraia por ouvir os passatempos do Senhor. Em uma ocasião ele passou a noite toda assistindo uma dança da Divina Rasa Lila e consequentemente ele perdeu seu exame final de matemática, que aconteceu no dia seguinte. Ele regularmente participava na adoração de Deidade de Sri Sri Radha-Krishna, Sri Sri Gaura Nitai e Sri Sri Jagannatha, Baladeva and Subhadra que estavam instaladas no templo local da vila.


Sendo um estudante aplicado, em 1957, Damodara passou na primeira divisão do seu exame de matrícula. Damodara então começou o colégio no D. M. College, um dos colégios mais prestigiados de Imphal, Manipur. Ele obteve sua educação secundária em 1959, e graduou em primeiro lugar em química em 1961. Mais tarde ele adquiriu um bacharelado de ciências em engenharia química e tecnologia química em 1963 e ainda obteve seu grau em Mestre de Tecnologia em ciência farmacêutica da Universidade de Calcutá em 1964. Logo após, Damodara foi premiado com uma bolsa de estudos no exterior do Ministério da Educação, Governo da Índia, para apoiar seus estudos nos Estados Unidos.

A célebre reunião com Srila Prabhupada

Em 1969, Damodara era um estudante da Universidade da Califórnia, Irvine, fazendo sua pesquisa de Ph.D. em química-física organica. Um dia, o secretário do departamento de química entregou um telegrama da Índia para Damodara lhe informando que sua mãe tinha feito a passagem. Ele não a via a mais de quatro anos e não sabia que ela estava com alguma doença, portanto as notícias foram inesperadas. Ele queria retornar a Índia afim de realizar a shraddha ou cerimônia funeral dela, mas ele não tinha dinheiro para seu voo para a Índia. Então antes de ir, ele recebeu uma carta do seu tio, Sri Kerani Singh, lhe aconselhando a não retornar para a cerimônia de shraddha. Seu tio escreveu, “Sendo um Vaishnava, você não deveria se lamentar nem pelos vivos e nem pelos mortos.” Seu tio relembrou Damodara que o corpo é temporário, mas a alma é eterna. Cedo ou tarde, haverá uma hora em todos terão que abandonar esse corpo temporário como dito no Bhagavad-gita. Ele instruiu Damodara a não perder qualquer tempo se preocupando com o corpo temporário, e se concentrar nos seus estudos e retornar a Índia depois da graduação e que ele iria organizar uma cerimônia de shraddha. Portanto, Damodara cancelou sua passagem para a Índia, mas ao mesmo tempo começou a perder interesse nos seus estudos. Ele passou as noites seguintes meditando na natureza transitória deste mundo material. Na vida, os incidentes que agem como uma catalizador para a introspecção e questionamento sobre o propósito da vida, acontece para indivíduos pela misericórdia inconcebível do Senhor Supremo. A esse respeito Srila Prabhupada afirma, “... é um poder especial de razão indagar 'Porque eu estou sofrendo'? Isso é um raciocínio especial. … “Bhagavad-gita diz, que de milhares, pode ser que alguém pode desenvolver esse poder de raciocínio... Quando há algum ímpeto para despertar esse poder de raciocínio, isso é chamado brahma jijnasa.” Isso é confirmado no primeiro verso do Vedanta Sutra, que afirma que a forma humana de vida tem como significado perguntar questões do que é a Verdade Absoluta e como resolver os problemas do sofrimento.

Ouvindo essas tristes notícias da passagem de sua mãe, o amigo de Damodara, Dr. Ravindra Pratap Rao, veio lhe ver. Dr. Rao sugeriu que eles dessem uma volta. Eles dirigiram da Pacific Coast Highway até praia de Laguna e ao chegar eles começaram a andar. Enquanto andavam pela costa eles viram alguns devotos da ISKCON cantando Harinam Sankirtan. De curiosidade, eles seguiram os devotos para descobrir para onde eles iam. Um dos devotos notaram que eles seguiam o grupo de Sankirtan e pararam para convidar Damodara e Dr. Rao para o templo local da ISKCON em Laguna Canyon. O devoto lhe explicou que todos os dias eles executam o cantar dos Santos Nomes do Senhor Krishna e o compartilhar do delicioso alimento santificado oferecido ao Senhor Krishna. Ele lhes pediu para visitar o templo e se juntar no cantar, dançar e nos festivais.

No dia seguinte, Dr. Rao foi ao templo sozinho e quando voltou contou a Damodara que os devotos foram maravilhosos e tudo no templo foi agradável. Todos os dias Dr. Rao insistia a Damodara para lhe acompanhar ao templo. Damodara, citando sua pressão acadêmica, recusava todas as vezes. Um dia Dr. Rao lhe contou que ele ouviu que Srila Prabhupada, o fundador da ISKCON, estava ficando Los Angeles e ele disse, “Amanhã vamos ir e ver Srila Prabhupada em Los Angeles”. Entretanto, Damodara se recusou, dizendo que ele estava extremamente ocupado no trabalho acadêmico e não poderia ir com ele. De qualquer forma, Damodara encorajou Dr. Rao e pediu que contasse sobre sua visita. Dr. Rao dirijiu a Los Angeles e quando ele chegou ao templo, porque ele era um estranho, ele não pode ver Srila Prabhupada. Dr. Rao contou a Damodara, “Eu estava extremamente desapontado. Eu decidi esperar no meu carro e orar ao Senhor Sri Krishna. Um pouco depois, um devoto veio e informou que Prabhupada queria me ver. Eu ouvi como se minha oração ao Senhor Sri Krishna foi ouvida e imediatamente foi para o quarto de Srila Prabhupada. Quando Prabhupada me viu, ele disse, 'Você foi enviado pelo Senhor Krishna. Eu tenho orado ao Senhor Krishna para me enviar pelo menos um garoto indiano para me ajudar em minha missão. Krishna lhe enviou até mim.” Dr. Rao então pediu a Damodara, “Amanhã, vamos ver Srila Prabhupada”, Damodara de novo recusou. Esse incidente ocorreu por alguns dias – Dr. Rao ia e se encontrava Srila Prabhupada e na volta pedia a Damodara se juntar a ele no dia seguinte. Damodara se recusava a ir ver Srila Prabhupada dizendo que estava muito ocupado com seus estudos. Finalmente, um dia, Dr. Rao deu a Damodara um ultimato, dizendo, “Se amanhã você não me acompanhar na manhã para ver Srila Prabhupada eu não irei mais vir e lhe ver nessa vida. Nossa amizade estará acabada para sempre.” Damodara estava surpreso com a seriedade do seu amigo. Ele não tinha uma boa opinião dos Swamijis Indianos nos EUA, tendo ouvido de suas atividades. Ele erroneamente pensou que Srila Prabhupada pudesse ser como eles. Entretanto, devido a sua amizade, ele decidiu acompanhar o Dr. Rao no próximo dia. Algo similar ocorreu antes do primeiro encontro de Srila Prabhupada com Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur. Srila Prabhupada mais tarde contou sobre o encontro. “...em 1922 eu encontrei meu Guru Maharaj através da insistência do meu amigo íntimo, Mr. Narendranath Mullick. Eu não queria ir, mas meu amigo me forçou. Ele me contou, 'Há um bom sadhu. Vamos ir lá vê-lo.' Eu não gostava dos sadhus nessa época, devido ao meu espírito nacionalista. Portanto, eu disse, 'Eu tenho visto muitos sadhus. Eles geralmente vinham a casa do meu pai. Eu não estava satisfeito com seus comportamentos.' Mas meu amigo me trouxe a força dizendo: 'Não, eu ouvi essa pessoa falar e ele é muito elevado.' Portanto eu fui.” (Srila Prabhupada Lilamrita).

brahmanda bhramite kona bhagyavan jiva
guru-krishnaa-prasade paya bhakti-lata-bija

"De acordo com seu karma, todas as entidades vivas estão viajando por
todo o universo. Algumas delas estão sendo elevadas aos planetas

superiores, e algumas descendo aos planetas inferiores. De muitos
milhões destas vagantes entidades vivas, uma que seja muito
afortunada recebe a oportunidade de se associar com um mestre
espiritual fidedigno pela graça de Krsna. Pela misericórdia de
ambos, de Krsna do mestre espiritual, esta pessoa recebe a semente
da trepadeira do serviço devocional." (Chaitanya Charitamrita, Madhya 19.151) 


Dessa forma, Srila Prabhupada menciona no seu comentário do Srimad Bhagavatam, verso 2.2.30, “Uma alma sincera é ajudada pelo Senhor atravês do encontro com um mestre espiritual fidedigno, o representante do Senhor. Pelas instruções de tal mestre espiritual, recebê-se a semente da bhakti-yoga.” Este encontro do futuro discípulo e mestre espiritual não é um encontro ordinário. É um arranjo divino do Senhor Supremo.

Aquela noite Dr. Rao dormiu no apartamento de Damodara. Ambos acordaram as 4 da manhã, tomaram seus banhos e dirigiram até o templo de Los Angeles. No caminho, Dr. Rao revelou que ele seria iniciado naquela manhã por Srila Prabhupada. Damodara surpreso pela rápida mudança na vida do seu amigo perguntou, “Você irá raspar a cabeça? Você irá usar dhoti açafrão no laboratório?" Dr. Rao respondeu, "Será o meu prazer". Damodara estava espantado pela determinação, entusiasmo e sinceridade do seu amigo. Ele disse, “Eu admiro sua grande coragem. Você deve ser abençoado por Srila Prabhupada."

Damodara tem seu primeiro deslumbre de Srila Prabhupada


Eles chegaram ao templo em Culver City. Srila Prabhupada estava saindo para sua caminhada matinal. Ele voltou de sua caminhada matinal depois de uma hora. Ele tomou darshan das Deidades e sentou na sua Vyasasana. Damodara permanecia perto das Deidades, de frente para Srila Prabhupada, exatamente oposto a Vyasasana. Damodara e Srila Prabhupada olhou atentamente nos olhos um do outro por alguns momentos. Srila Prabhupada começou a cantar - Sri-krishnachaitanya prabhu-nityananda sri-advaita gadadhara srivasadigaura- bhakta-vrinda. A mente de Damodara foi cativada pelo cantar devocional doce, melodioso e intenso de Srila Prabhupada. Imediatamente após a canção, começou a cerimonia de iniciação. Dr. Rao foi iniciado e foi lhe dado o nome espiritual, Ramananda Ray Dasa. Srila Prabhupada foi para seu quarto depois da cerimônia.

Ramananda Ray disse a Damodara, "Vamos subir para o quarto de Srila Prabhupada e vê-lo." Nessa hora, Damodara ficou ansioso e entusiasmado para ver Srila Prabhupada.

Ramananda Ray tinha carta branca para entrar no quarto de Srila Prabhupada. Srila Prabhupada tinha dado instrução de sempre que Ramananda Ray viesse, ele poderia vir a seu quarto. Depois de entrar no quarto de Srila Prabhupada, eles ambos sentaram diante dele. Ramananda Ray apresentou Damodara para Srila Prabhupada lhe informando que Damodara era de Manipur e estava trabalhando no seu Ph.D. em química na Universidade da California, Irvine. Srila Prabhupada ficou extremente feliz e atentamente, "As pessoas de Manipuri são descedentes de Babhruvahana, o filho de Arjuna. Eles foram Vaishnavas desde o tempo dos Pandavas e os Reis Manipuri estabeleceram muitos templos de Sri Krishna em Vrindavan, Radhakund, Nabadvip, etc." Srila Prabhupada apreciou a cultura Vaishnava de Manipur, especialmente sua música devocional e dança baseada nos passatempos de Sri Krishna. Srila Prabhupada então perguntou a Damodara, "Tendo nascido em uma família Vaishnava, porque você veio aqui, cruzando o oceano?"

Ramananda Roy apresenta Damodara para Srila Prabhupada

Srila Prabhupada adicionou, "Vocês, jovens acadêmicos e estudantes, vieram aqui nos EUA como pedintes para pedir conhecimento científico e dólares. Mas eu não vim aqui para pedir. Eu vim aqui para dar aos americanos algo muito valioso, do qual eles não tem – a cultura Bhagavata. Porque vocês também não fazem o mesmo que eu estou fazendo? Porque você estão simplesmente pegando? Porque vocês também não dão algo?”

Esta afirmação de Srila Prabhupada para Damodara, no seu primeiro encontro, lhe afetou grandemente e similar a natureza da afirmação feita por Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur a Srila Prabhupada no seu primeiro encontro – a instrução para apresentar a cultura Bhagavata nos países ocidentais.

Depois desse celebre encontro Damodara começou a visitar Srila Prabhupada em Los Angeles quase todos os dias e depois de um breve período de tempo, ele recebeu iniciação espiritual. Na hora da iniciação, Srila Prabhupada lhe deu um nome espiritual, Svarupa Damodara Dasa. Mais tarde, depois de tomar iniciação de sannyasa o prefixo Bhakti foi adicionado e desde então ele ficou conhecido como Sripada Bhaktisvarupa Damodara Maharaja.

O templo da ISKCON Los Angeles é conhecido como Nova Dwarka e serviu como a sede de Srila Prabhupada nos anos 70. Quando visitava Srila Prabhupada em Los Angeles, Maharaja começou a lhe perguntar questões em assuntos como 'Qual é a natureza do mundo material? Qual é a Verdade Absoluta?' O que quer que um aspirante espiritual sincero da Verdade Absoluta encontra um mestre genuíno, este tipo de pergunta é natural. Srimad Bhagavatam reconta a história de Vidura encontrando seu mestre espiritual, Maitreya Muni, aonde Vidura similarmente perguntou a Maitreya Muni sobre a natureza da vida e do universo. Srila Prabhupada elabora no seu comentário dos versos 7-3 do Bhagavad-gita, onde ele diz “Há vários graus de homens, e dos milhares, um pode ser que esteja suficientemente interessado na realização transcendental para tentar conhecer o que é o ser, o que é o corpo, e o que é a Verdade Absoluta.”

Logo depois de sua iniciação, Sriman Ramananda Ray Dasa se mudou para Gorakhpur, India e abriu um centro da ISKCON. Infelizmente ele deixou esse mundo em 1976.

Maharaja é eternamente grato a Sriman Ramananda Ray Prabhu pela sua amizade espiritual e por ter lhe introduzido a Srila Prabhupada.

Srila Prabhupada pessoalmente fez Sripada Maharaja o GBC e diretor internacional do Instituto Bhaktivedanta. O Instituto Bhaktivedanta é um instituto de pregação para fazer apresentações científicas da consciência de Krishna. Como diretor internacional do Instituto Bhaktivedanta, Sripada Maharaja organizou quatro grandes conferencias internacionais (Mumbai, São Francisco, Calcutá & Roma), expondo líderes da comunidade científica ao ponto de vista Bhagavata. Ele organizou centenas de seminários e simpósios e pessoalmente se encontrou e entrevistou vários Prémios Nobel, homens do estado e pensadores líderes no mundo. Sripada Maharaja abriu o que agora é conhecido como templo ISKCON Tirupati no primeiro centro do Instituto Bhaktivedanta. Sripada Maharaja publicou dezenas de livros em ciência e espiritualidade. Este ano, afim de satisfazer Srila Prabhupada que lhe pediu, 'Você é um cientista, prove cientificamente que Deus é uma Pessoa', ele publicou um livro intitulado, 'Deus é uma pessoa' contendo seu diálogo com mais dois proeminentes Prêmios Nobel. Hoje em dia, Sripada Maharaja é reconhecido em todos os circulos religiosos e científicos do mundo e é considerado umas das autoridades líder em 'ciência e espiritualidade'. Sripada Maharaja também escreveu um comentário científico dos primeiros quatro versos do Vedanta Sutra. Ele também editou e publicou ‘Savijnanam’, o jornal do Instituto Bhaktivedanta.

Sripada Maharaja inaugurou e está construindo o maravilhoso templo de jóias em Manipur, que ele nomeou ‘A Universidade da Cultura Bhagavata’. Ele estabeleceu a Ranganiketan Manipuri Cultural Arts Troupe, com o propósito de pregação cultural. Através de Ranganiketan, a cultura Bhagavata foi apresentada através do mundo em vias geralmente não acessíveis por metódos de pregação tradicionais. Sripada Maharaja é o fundador e diretor da Bhaktivedanta Institute Mission Schools e também da Sri Krishna Mission School no nordeste da Índia que tem acima de 3,000 estudantes. Ele também abriu um hospital de cura natural em Manipur para os devotos.

Sripada Maharaja doou um pouco do seu tempo no tópico de diálogo intra-religioso. Nessa linha, ele participou em centenas de conferencias científicas e religiosas, de paz e intra-religiosas ao redor do mundo. Ele é o membro do conselho mundial (depositário) da United Religions Initiative (URI), uma das maiores organizações intra-religiosas no mundo.

Uma vez quando Sripada Maharaja foi questionado por um de seus irmãos espirituais, ‘Por favor, você poderia nós contar algo sobre Srila Prabhupada que você se lembra mais?’ Sripada Maharaja respondeu que quando estava na presença de Srila Prabhupada, eles sempre sentiam a preocupação de Srila Prabhupada para com eles. Sripada Maharaja tinha vários discípulos pelo mundo e ele sempre estava preocupado com todos. Ele tinha uma política de porta aberta com seus discípulos e amigos. Incansavelmente e misericordiosamente ele estava e sempre irá se doar para aqueles que procuram seu abrigo.

Sripada Maharaja estava constantemente viajando afim de realizar as instruções de Srila Prabhupada para ele. Ele deixou com seus discípulos muitas instruções, ambas gerais e pessoais para facilitar o Seva para Srila Prabhupada. Sripada Maharaja irá continuar a guiar os seus discípulos sinceros a servir Srila Prabhupada.

O desaparecimento de Sripada Maharaja foi glorioso tal como foi sua vida. Não é possível para nós glorificar apropriadamente nesse breve relato, nem seria possível para nós listar as numerosas instruções que ele deixou com seus seguidores. Nós oramos que o que nós escrevemos irá remover qualquer desinformação que tenha sido publicando recentemente na internet, ao providenciar um relato de primeira mão, do desaparecimento transcendental de Sripad Maharaja. Nós também incluímos um breve resumo do seu Seva para Srila Prabhupada para o prazer dos devotos.

A alguns anos atrás alguns de seus discípulos publicaram um livro chamado ‘Bhagavata Sevarpanam’ que descreve em grandes detalhes de que maneira Sripada Maharaja está realizando as instruções de Srila Prabhupada para ele. Se os devotos estiverem interessados, eles podem contatar o Instituto Bhaktivedanta, Kolkata, para adquirir uma cópia.

Sripada Maharaja nos disse que todo o seu Seva, seja o Instituto Bhaktivedanta, pregação cultural, dialogo intra-religioso, o templo de Manipur, ou viajando e pregando, eram todos iguais e simplesmente sua oferenda a Srila Prabhupada. Nós vemos todas essas atividades como pétalas diferentes da flor de lótus que Sripada Maharaja está oferecendo ao seu divino mestre Srila Prabhupada.

Nós oramos pela misericórdia dos Vaishnavas que nós continuemos nossos serviço de ajudar nosso querido Guru Maharaja, Srila Sripada Bhaktisvarupa Damodara Swami, no seu serviço a Srila Prabhupada. Para nós ele não nos deixou, mas simplesmente agora decidiu dar sua orientação a seus seguidores sinceros de uma maneira diferente do que antes.

Todas as glórias a Sripada Bhaktisvarupa Damodara Swami!
Todas as glórias a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada!
Hare Krishna!

Memórias de Srila Gour Govinda Maharaja



Memórias de Srila Gour Govinda Maharaja

por Srila Bhaktisvarup Damodar Maharaja

Sul da França, verão de 1994
Esta glorificação foi falada por Srila Bhaktisvarup Damodar Maharaja no festival de desaparecimento de Gour Govinda Maharaja, Mayapur 2006:

Minha associação com Gour Govinda Maharaja foi primeiramente em 1977 quando eu estava com Srila Prabhupada em Bhubaneswar para a pedra de fundação do templo. Eu vi Maharaja permanecendo na cabana, a qual ainda continua lá. Ele estava servindo Srila Prabhupada fazendo serviço de tradução. Ele era a humildade personificada. Eu sempre gostei dele, mas nossa responsabilidade era em campos diferentes. Portanto nós não nos encontrávamos tanto. Mas nos encontros do GBC nós sempre nos sentávamos juntos. Eu lhe convidei para Manipur em 1981 quando nós abrimos um pequeno templo e instalamos as deidades lá. Nós marcamos sua passagem, um vôo de uma hora de Calcutta. Contaram-me que foi a primeira viajem de avião em sua vida. Nós organizamos uma competição de debate consciente de Krishna entre os estudantes e eu pedi a Maharaj para ser o juiz. O assunto era como a consciência de Krishna é a única solução para os muitos problemas deste mundo. Ele estava bem feliz em ser o juiz.

Nós tínhamos um relacionamento bem informal. Quando eu era o GBC na França, ele veio aqui algumas vezes. Ele gostou do Sul da França – com seu clima, paisagem, arquitetura, geografia, e as montanhas na fronteira com a Espanha, é muito atrativo. Nós temos um pequeno projeto de pregação aqui – um lugar quieto bem longe das cidades – situado na floresta em pequeno lago. Uma noite nós jantamos juntos e eu perguntei a Maharaj, “Parece que você tem alguma dificuldade com seu corpo. Você não pode andar livremente. Esta viajem não lhe dá nenhum problema?” Ele respondeu, “Contanto que eu possa pregar, eu possa falar sobre o Srimad Bhagavatam, isso me dá um prazer ilimitado, uma felicidade ilimitada.”

Eu lhe disse que lhe foi dada alguma benção especial por Srila Prabhupada. Eu admiro sua coragem e sua determinação a fim de executar a ordem de Prabhupada para satisfaze-lo. Nossos intercâmbios foram informais. Quando nós nos reunimos no festival do centenário de Srila Prabhupada em 1996. O ano que Maharaj fez a passagem, ele fez um bom festival em Bhubaneswar. Eu não fui para o festival, mas nós fomos informados que Maharaj estava falando como um leão no pandal. Ele chegou tarde no encontro do GBC. No mesmo dia que ele fez a passagem, eu vim para o piso térreo e nos encontramos no meio do caminho. Eu disse, “Maharaj como você está? Eu ouvi que você teve um festival maravilhoso em Bhubaneswar.” Ele estava sorrindo alegremente e aparentava muito saudável. Ele estava subindo para a sala do GBC. Nós tivemos uma conversa amigável e desci para uma reunião. Ele tinha uma reunião separada da subcomissão assim não nos sentamos juntos naquele dia no GBC.

Mais tarde depois que as reuniões tinham acabados, eu estava em Nabadwip. Alguns dos discípulos do Maharaja trouxeram seu carro para Mayapur. Eles estacionaram no meu local em Nabadwip. O motorista do carro veio para mim naquela noite e me contou, “Nosso Guru Maharaja aparenta estar tendo um problema do coração; Eu quero pegar o carro. Entretanto, ele tinha perdido as chaves do carro. Ele estava correndo de um lado para o outro procurando pelas chaves e ele estava em um humor triste e muito deprimido. Ele disse que Gour Govinda Maharaja estava se sentando sem se mover na sua cama e que podia deixar o corpo. Finalmente as chaves foram descobertas e eu vim até ele em Mayapur, com pressa para ver Maharaja. Quando nós chegamos, nós descobrimos que ele tinha deixado o corpo e estava no quarto rodeado de muitos devotos. Aquele momento foi muito doloroso. Nós não esperávamos que Maharaja podia partir logo.

Sul da França, verão de 1994
Alguém pode falar muitas coisas sobre Maharaja, Ele era uma alma muito avançada. Uma das maiores qualidades que eu me lembro de Maharaja era sua humildade e seu grande apego e determinação para executar as ordens que Srila Prabhupada lhe deu. Seguindo as instruções de Prabhupada ele estava continuamente traduzindo seus livros do Inglês para Oriya. Por causa do seu trabalho, muito dos livros de Prabhupada estão disponíveis em Oriya. Estes livros são uma grande fonte de inspiração para os devotos de Oriya. Quando eu estou viajando ao redor do mundo, é muito admirável hoje em dia achar muitos devotos lendo os livros, revistas belamente publicadas, e revistas por email que os devotos da Publicações Gopal Jiu (Gopal Jiu Publications) tem produzido baseado nas aulas do Maharaj. Estas são uma importante fonte de inspiração para muitos, mesmo estes que nunca se encontraram com Maharaj. Apenas por ler esses livros, eles ficam inspirados. Os discípulos de Maharaj que estão executando esse desejo para fazer essas aulas disponíveis estão dando uma importante contribuição para nosso movimento da consciência de Krishna.


Nós estamos muito felizes que nosso Guru Maharaja Srila Prabhupada produziu admiráveis grande almas como Gour Govinda Maharaja. Um por um, todos nós temos que deixar esse mundo. Nos últimos anos nós perdemos muitos de nossos irmãos espirituais como Sridhar Maharaja, no ultimo ano Bhakti Tirtha Maharaja, um pouco antes disso Tamal Krishna Maharaja e muitos outros. Tente ver que a vida nesse mundo material é muito temporária. Portanto, como nós vimos nesse vídeo [de Gour Govinda Maharaja mostrado um pouco antes dessa conversa]. Maharaja estava dizendo que nós temos que chorar por Krishna. Se nessa vida, nós desenvolvermos esta cultura e cultura de humildade e 100% de dependência nas bênçãos do mestre espiritual e no Senhor Supremo e os vaishnavas e vaishnavis, nós podemos fazer o melhor desta forma temporária de vida. Desta maneira algum dia, pelas bênçãos de Guru e Krishna, nós podemos ir de volta ao Supremo. Eu estou muito feliz que muitas almas sinceras estão reunidas aqui essa noite. Maharaja nós deixou no dia de aparecimento de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Prabhupada. Nós estamos certos que Gour Govinda Maharaja obteve todas as bênçãos de nosso Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Prabhupada e Krishna. Gopal era muito querido para Gour Govinda Maharaja. Eles estão fazendo um memorial muito bom para Gour Govinda Maharaja no local de nascimento. Nós gostaríamos de convidar a todos para virem aqui. Se vocês vêem a Jagannath Puri, é somente três horas de lá. Nós gostaríamos de agradecer a todos por esse programa.

Tradução: Ramananda Das
Fonte: http://www.bvml.org/SGGM/memories.html

Maiores informações sobre Srila Goura Govinda Maharaj: http://srilagouragovindamaharaj.blogspot.com.br/

O que é a vida?

O que é a vida? 


Por T. D. Singh, Ph.D. (Srila Bhaktisvarupa Damodara Maharaj) 


*T. D. Singh, Ph.D. é Fundador Diretor do Instituto Bhaktivedanta.





Vida de acordo com o Vedanta pode ser descrita na seguinte representação: ser vivo = genoma (corpo físico/material) + mente, inteligência & falso ego (matéria sutil) + spiriton (partícula de vida espiritual). De acordo com o Vedanta, o tratado de herança cultural e espiritual indiana mais filosófico e científico, todos os seres vivos são animados pela presença de uma partícula espiritual fundamental não química ou não molecular - “spiriton” (chamado atman na terminologia Vedantica). 


No Vedanta há dois aspectos da realidade – a natureza espiritual e a natureza material. Isto deveria ser transmitido da alma espiritual ou 'spiriton'. Nos livros de biologia, vida ou seres vivos são geralmente definidos como possuindo o potencial de crescer, reproduzir, mover, responder a tais estímulos como luz, calor, som e são sustentados pelos processos de nutrição, respiração e excreção. Mas o que faz esses sistemas vivos crescerem? Biologicamente, nós explicamos que o crescimento é devido a multiplicação de células através dos vários tipos de mitosis ou meiosis. Mas em primeiro lugar, porque qualquer célula começa a se dividir? Porque um ovo fertilizado (depois a célula de esperma se une a célula do ovo) passa por divisões que resultam na formação do corpo inteiro? 



O Vedanta descreve que devido a presença de 'spiriton' o corpo é animado e ativo e passa por seis tipos de transformações. Nasce, vive por algum tempo, cresce, produz alguma cria, gradualmente definha, e finalmente desaparece no esquecimento. 



É tal como a analogia do carro e o motorista dentro. Quando o motorista se vai, o carro não pode mover. Similarmente, quando a alma espiritual, spiriton se vai, ou o que nós podemos chamar de morte, o corpo não pode ser animado mesmo com o fato que toda a máquina molecular que faz o corpo ainda estiver intacta. 



Srimad Bhagavad-Gita menciona sobre 'spiriton' sendo diferente da matéria como segue: 


bhumir apo 'nalo vayuh kham mano buddhir eva 

ca ahankara itiyam me bhinna prakrtir astadha 

apareyam itas tv anyam prakrtim viddhi me 

param jiva-bhutam maha-baho 
yayedam dharyate jagat 

Tradução: “Terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego falso; essas oito juntas constituem Minhas (Senhor Krishna) energias materiais separadas. Além desta energia inferior, ó Arjuna de braços poderosos, existe uma energia superior Minha, que compreende todos os seres vivos (spiritons) que estão explorando os recursos dessa natureza material inferior. 

De acordo com o Vedanta, a ciência da alma ou spiriton (atman) é a essência sublime da espiritualidade. O Bhagavad-Gita se refere a essa ciência como - raja-vidya raja-guhyam pavitram 
idam uttamam pratyaksavagamam dharmyam su-sukham kartum avyayam, significando, “Este conhecimento é o rei da educação, o mais secreto de todos segredos. É o conhecimento mais puro, e porque dá a percepção direta do eu pela realização, é a perfeição da religião. É perpétuo, e executado alegremente.” 
De acordo com o Vedanta, o propósito último da vida humana é descobrirmos nossa real identidade espiritual e nosso relacionamento com o Supremo. Portanto, o Vedanta lida extremamente com a vida de uma perspectiva espiritual e dá sua preponderância sobre a matéria não-senciente. 

Referencias 
1. A Conversation with James Watson, Scientific American, 2003, 288(4):66-70. Também consulte a versão ampliada desta conversa no website da Scientific American www.sciam.com 
2. Palestra por Stephen Hawking sobre “GÎdel and the End of Physics” na Texas A&M University em College Station, Texas, 8 de Março, 2003; adaptado de http://www.damtp.cam.ac.uk/strtst/dirac/hawkin 

3. Nós devemos notar que algumas tradições religiosas não aceitam a existência da alma e algumas outras proclamam que a alma está presente somente nos seres humanos. Entretanto, a antiga ciência Védica da Índia não aceita tais afirmações e afirma fortemente que todas as entidades vivas têm alma. 
4. A. C. Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada, Bhagavad-Gita como ele é, Bhaktivedanta Book Trust Bombay, 1997, comentário do verso 2.20. 

5. Ibid., versos 7.4-5. 

Tradução: Ramananda Das 

Uma Vida de Serviço Exemplar

Uma Vida de Serviço Exemplar
Por Lilavati Devi Dasi e Shachirani Devi Dasi


Servir à personalidade Bhagavata, ou o servo puro de Deus, é descrito ao longo das escrituras Védicas como sendo mais efetivo e prazeroso ao Senhor do que prestar serviço ao Senhor Supremo diretamente. O Bhagavata vem na linha de uma genuína sucessão discipular iniciada pelo Senhor, e, através da sucessão discipular, o princípio divino é transmitido ao humilde aspirante à transcendência. Sua Santidade Bhaktisvarupa Damodara Svami, também conhecido como Sripada Maharaja, prestou sincero e amoroso serviço a seu mestre espiritual, Srila Prabhupada, que pertence a linhagem espiritual da Brahma-Madhva-Gaudiya-sampradaya. Sripada Maharaja foi, assim, um exemplo ideal de bhagavata-sevarpanam – servo do Bhagavata.

Sripada Maharaja nasceu no antigo reino Vaisnava de Manipur, no nordeste da Índia, no dia nove de dezembro do ano de 1937. Era o dia sagrado conhecido como Odana-shashthi, quando novas roupas são oferecidas ao Senhor Jagannatha. Seus pais eram Sri Yogendra Singh e Srimat Kanyahanbi Devi. Sendo Vaisnavas, eles deram a seu filho o nome de Damodara, um dos santos nomes do Senhor Sri Krsna. Sri Yogendra Singh era um cantor devocional na tradição Nata Sankirtana, e por isso, desde o primeiro momento que o pequeno Damorada apareceu neste mundo, seu pai deu a seus ouvidos o deleite de canções devocionais com os nomes e passatempos do Senhor Supremo.

Quando jovem, Sripada Maharaja se deparou com muitas dificuldades. Por volta dos oito anos de idade ele perdeu seu pai, e, alguns anos depois, ele e sua irmã estavam vivendo sozinhos em grande pobreza. A vida era difícil, mas, apesar de todas as dificuldades, eles permaneceram destemidos devido a estarem refugiados na misericórdia do Senhor Sri Krsna.

Uma vez, aos dez anos, Sripada Maharaja disse a sua irmã, “Um dia teremos dinheiro, e eu lhe cobrirei de ouro”.

“Não”, ela disse, “um dia você irá se casar, cobrir sua mulher com ouro, e me esquecerá”.

A que Sripada Maharaja respondeu com firmeza, “Eu nunca vou me casar”.

Ele se manteve naishthika-brahmacari (monge celibatário) ao longo de sua vida.

Quando Sripada Maharaja completou doze anos, ele foi forçado a viver sozinho, e se mantinha plantando arroz. Assim, ele não tinha tempo para continuar seus estudos. Algum tempo depois, seu professor da escola primária percebeu seu potencial e, juntamente com um ancião da vila, providenciou a Damodara uma casa apropriada e também facilidade para seus estudos futuros.

Aos quatorze, Sripada Maharaja ficou muito doente tendo contraído tifóide. Os médicos da vila declararam com unanimidade que ele morreria em breve. Mas seu tutor orava diariamente por melhoras recitando o dashavatara-stotra, uma oração às dez encarnações do Senhor Sri Krsna. Após jejuar por quarenta dias bebendo apenas soro de leite, Sripada Maharaja se recuperou miraculosamente.

Em outro momento, Sripada Maharaja caiu de um pé de manga.

Caído e semi-inconsciente, ele ouviu seu tutor dizer, “Você não pode morrer ainda, sua missão aqui não está completa”.

Ele de repente retomou sua consciência e rapidamente se recuperou de seus machucados.
Crescendo, Sripada Maharaja era muito ávido por ouvir acerca dos passatempos do Senhor. Ele, uma vez, passou a noite toda assistindo a divina dança rasa-lila de Krsna com Suas gopis encenada de uma forma tradicional de Manipur. Ele acabou por perder sua prova final de matemática no dia seguinte. Sripada Maharaja também iria participar regularmente da adoração às deidades de Radha-Krsna, Gaura-Nitai, e Jagannatha, Baladeva e Subhadra no templo de sua vila.

Encontrando-se com Srila Prabhupada


Devido à conduta respeitosa de Sripada Maharaja ao longo de sua vida estudantil, ele desenvolveu um bom relacionamento com seus professores para toda a vida. Tendo a habilidade de se tornar um especialista em qualquer coisa que se focasse, ele ganhou bolsas que lhe permitiram continuar sua educação em Calcutá e por fim nos Estados Unidos. Na década de 60, para uma pessoa do pequeno estado de Manipur, ir para os Estados Unidos com bolsa de estudo era quase impossível. Mas, pela misericórdia do Senhor Supremo, Sripada Maharaja ganhou uma bolsa de estudos internacional do ministro da educação da Índia.

Enquanto fazia seu doutorado em Química na Universidade de Califórnia, ele conhece Srila Prabhupada. Sripada Maharaja rapidamente decide dedicar sua vida a serviço de Prabhupada e de sua missão. Sripada Maharaja recebeu iniciação espiritual de Srila Prabhupada, que lhe deu o nome espiritual de Svarupa Damodara Dasa. Mais tarde, após aceitar a iniciação de sannyasa, o prefixo Bhakti foi adicionado. Desde então ele é conhecido como Sripada Bhaktisvarupa Damodara Svami ou Sripada Maharaja.

Instruções de Prabhupada

Pelos próximos oitos anos, desde as caminhas matinais com Srila Prabhupada ao longo da praia de Venice na Califórnia dos anos 70, até a última hora em que Srila Prabhupada exibiu seus passatempos neste mundo, em Vrndavana, 1977, Srila Prabhupada daria inúmeras instruções a Sripada Maharaja de como introduzir devidamente a cultura Bhagavata no mundo dos líderes e intelectuais.

Essas instruções abrangiam os campos da ciência, filosofia, religião, cosmologia Bhagavata, evolução, arte, cultura, educação espiritual e outros. Algumas dessas conversas matinais entre Srila Prabhupada e Sripada Maharaja ao longo da praia de Venice são atualmente distribuídas e publicadas pela Bhaktivedanta Book Trust (BBT) como o livro A Vida Vem da Vida.

Em 1973, Sripada Maharaja ofereceu um pequeno livro a Srila Prabhupada no dia em que se comemorava, em Los Angeles, o dia do aparecimento de Prabhupada. Srila Prabhupada gostou tanto do livro que mandou que fosse impresso e distribuído em grande escala. O livro - The Scientific Basis of Krishna Consciousness [sem tradução para o português] – é baseado nas instruções que Sripada Maharaja recebeu de Srila Prabhupada. Prabhupada iria regularmente mostrar o livro para convidados e dizer que ele havia sido escrito por um de seus discípulos cientistas. Ele mandou a BBT imprimir mais de 100.000 cópias. Este livro ainda é muito usado para apresentar a consciência de Krsna a estudantes de faculdades e universidades ao redor do mundo. Mais de um quarto de milhão de cópias foram impressas, e ele foi traduzido para diversas línguas.

O Instituto Bhaktivedanta

Após Sripada Maharaja receber seu título de doutor em química físico-orgânica em 1974, ele foi ficar com Prabhupada em Vrndavana. Srila Prabhupada disse que queria começar um instituto para apresentar a consciência de Krsna de forma científica para os intelectuais. Ele disse querer Sripada Maharaja como o diretor do instituto. Sripada Maharaja humildemente se expressou como não sendo qualificado para a posição.

Srila Prabhupada, então, disse, “Eu lhe darei todas as instruções necessárias para dirigir o instituto. Você deve apenas segui-las”.

Mais tarde, Sripada Maharaja sugeriu o nome Instituto Bhaktivedanta, e Srila Prabhupada aceitou humildemente.

Srila Prabhupada instruiu Sripada Maharaja a como deveria ser o funcionamento e organização do instituto. Ele lhe deu instruções específicas para organizar conferências, dar palestras, escrever livros e manter-se em contato com estudantes e intelectuais.

Srila Prabhupada viu em Sripada Maharaja uma pessoa que pudesse cumprir todas essas instruções, pois ele tinha uma formação científica, uma natureza cavalheiresca, e, acima de tudo, as qualidades de um Vaisnava.

O servo pessoal de Srila Prabhupada, Srutakirti Dasa, dirigindo-se a Sripada Maharaja, disse, “Quando eu era servo pessoal de Sua Divina Graça Srila Prabhupada, parecia que você estava sempre perto dele. Ele tinha muita afeição por você... Ele dedicou tanto tempo a você porque sabia que não seria perda de tempo”.
Prabhupada disse certa vez, “Svarupa Damora é um devoto muito gentil: ele tem a qualidade de sempre fazer amigos, nunca inimigos. Ninguém é capaz de falar mal dele”.

Em 1977, Sripada Maharaja deu uma palestra sobre a base científica da consciência de Krsna em uma grande pandal (tenda) durante um programa em Bombain. Srila Prabhupada estava extremamente satisfeito com sua apresentação científica.

Honrando Sripada Maharaja, seu irmão espiritual Giriraja Svami relembrou a ocasião: “Embora Prabhupada estivesse um tanto quanto doente (tendo sido este seu último compromisso público), ele permaneceu no pandal se esforçando ao máximo para suportar as deficiências do corpo, pois ele estava tão satisfeito com seu serviço que ele queria ficar ali para ouvir sua apresentação... Eu nunca vou me esquecer de quão feliz ele estava. Eu poucas vezes o vi tão feliz. Ele estava realmente muito satisfeito com sua apresentação naquela noite no Cross Maidan”.

Qualquer discípulo de Srila Prabhupada que tenha presenciado ele e Sripada Maharaja juntos, afirma ter sido muito bonita a relação dos dois. Sripada Maharaja tomou as instruções de Srila Prabhupada como sua vida e alma. Cumprir tais instruções foi sua oferenda de amor, como discípulo, a seu divino mestre, Srila Prabhupada.

Entrevistas, Simpósios e Livros

Para o prazer de Srila Prabhupada, Sripada Maharaja organizou cinco grandes conferências internacionais, em Vrndavana (1977), Mumbai (1986), São Francisco (1990), Kolkata (1997) e em Roma (2004). Essas conferências expuseram líderes de comunidades científicas e espirituais à perspectiva Bhagavata. Ele organizou centenas de seminários e simpósios e encontrou e entrevistou várias personalidades laureadas Nobels, líderes políticos e grandes pensadores do mundo, como Charles Townes, William Phillips, Desmond Tutu, Papa João Paulo II, o Dalai Llam e Madre Teresa.

Em resposta a instrução de Srila Prabhupada de escrever livros, Sripada Maharaja publicou dezenas de livros sobre ciência e espiritualidade. Srila Prabhupada lhe disse, “Você é um cientista; prove cientificamente que Deus é uma pessoa”. Em 2006 ele publicou God Is a Person [sem tradução para o português], contendo seu diálogo com dois dos mais proeminentes laureados Nobels.

Como instruído por Srila Prabhupada, Sripada Maharaja também escreveu um comentário científico sobre os quatro primeiros versos do Vedanta-sutra, resumindo a obra. Ele também editou e publicou Savijnanam e Tattva-jijnasa, respectivamente o jornal e a revista do Instituto Bhaktivedanta. Hoje, principalmente devido a seus livros, Sripada Maharaja é reconhecido em grandes meios científicos e religiosos ao redor do mundo, e é considerado uma das autoridades vanguardistas no campo da ciência e espiritualidade.

Para distribuir os livros de Srila Prabhupada e do Instituto Bhaktivedanta a faculdades e universidades ao longo da Índia, Sripada Maharaja iniciou o Instituto Bhaktivedanta sobre Rodas. Atualmente, três ônibus/casas viajam ao redor da Índia para pregação fora dos limites do Instituto. Os membros da pregação itinerante organizam palestras e distribuem livros a estudantes, professores e bibliotecas, promovendo um diálogo entre ciência e espiritualidade.

No nordeste da Índia, Sripada Maharaja iniciou uma rede de escolas primárias e secundárias para promover os objetivos do Instituto Bhaktivedanta. Mais de quatro mil estudantes estão matriculados nessas escolas e recebem uma educação científica centralizada nos valores espirituais da tradição Bhagavata.

Distribuindo a Cultura Vaisnava

Ao longo de sua vida, Sripada Maharaja participou de inúmeros festivais e conferências ao redor do mundo. Nesses eventos ele introduziu os princípios espirituais da cultura Vaisnava, que ele havia recebido de Srila Prabhupada. Ele fez isso através da literatura, culinária e artes, levando o Vaisnavismo a inúmeros lugares, das escolas urbanas às mais prestigiadas universidades, de asilo de idosos ao renomado Centro Kennedy de Washington D.C., da América do Sul a Singapura, e para audiências do ensino fundamental a líderes de estado. A apresentação e distribuição do princípio espiritual da cultura Vaisnava por Sripada Maharaja para incontáveis pessoas ao redor do mundo faz dele, certamente, um embaixador da cultura Bhagavata.

Para apresentar a cultura Bhagavata de Manipur para o mundo, em 1989 Sripada Maharaja fundou a companhia de teatro Ranganiketan Manipuri Cultural Arts. Ranganiketan é a maior e mais frequentemente requisitada companhia de teatro da Índia. Como diretor da Ranganiketan, Sripada Maharaja compartilhou o belo passatempo da rasa-lila de Krsna com mais de um milhão de pessoas, com aproximadamente seiscentas apresentações por quase trezentas localizações diferentes por mais de quinze países.

Em seu trabalho para apresentar a cultura Bhagavata à sociedade dos intelectuais, Sripada Maharaja interagiu com muitos líderes espirituais das maiores religiões do mundo. Ele discutiu com eles o sublime e unificante ponto da tradição Bhagavata, o que muito deles apreciaram sinceramente.

Sripada Maharaja sentia que tais diálogos com os líderes religiosos era um poderoso recurso para a criação de um entendimento profundo dos pontos comuns entre várias religiões e sociedades. O futuro depende de que todas as religiões trabalhem juntas para formular um padrão mundial ético e moral para guiar as ações da humanidade na direção correta.

Nos últimos vinte e cinco anos, Sripada Maharaja organizou seminário e discussões inter-religiosas ao redor do mundo. Também, no começo da década de 80, em Manipur, ele conduziu anuais padayatras (caminhadas) pela paz e harmonia religiosa. Sripada Maharaja foi membro do conselho mundial da United Religions Initiative (URI), uma iniciativa espiritual internacional semelhante às Nações Unidas. A URI é a maior organização mundial dedicada a pregar a paz e o entendimento entre as religiões do mundo.

No espírito de paz e harmonia, Srila Prabhupada disse a Sripada Maharaja, recebendo-o em seus últimos dias de vida, que ele queria iniciar o Bhaktivedanta Svami Charity Trust para trazer união entre todos os Gaudiya Vaisnavas e para ajudar na preservação de antigos templos Gaudiyas e lugares sagrados. Sripada Maharaja trabalhou arduamente por este objetivo de paz e união.

Srila Prabhupada instruiu Sripada Maharaja a fazer de Manipur o estado do Vaisnavismo científico. Assim, Sripada Maharaja começou a construir a Universidade da Cultura Bhagavata em Imphal, Manipur. Brilhando no centro do complexo universitário está o extraordinário templo em forma de pedra preciosa Sri Sri Radha-Krsnacandra Manimandira. A grande inauguração do templo será em 21 de novembro de 2007. Todos estão convidados. Sripada Maharaja também inaugurou a construção de templos por toda a Índia, incluindo o Siliguri, o Tirupati, o Vijayawada e o Agartala.

Desde sua infância, Sripada Maharaja foi profundamente influenciado pela arte, música e danças devocionais de Manipur. Excelente cantor, instrumentalista e poeta, ele compôs vários poemas e canções Vaisnavas na língua Manipuri. Ele cantava divinamente, trazendo prazer transcendental para aqueles que o ouvissem.

Sripada Maharaja foi, e continua sendo, um mestre espiritual, professor e guia para milhares de pessoas. Por onde quer que ele passasse, sua amizade cativava e encantava pessoas de todas as idades, fés, e estilos de vida. Seus discípulos foram tocados por sua completa dedicação a instrução de seu mestre espiritual. Desejando perpetuar a missão de servir Srila Prabhupada, os discípulos de Sripada Maharaja estão agora tomando suas instruções com a mesma sinceridade e seriedade.

Partida Auspiciosa

Sripada Maharaja partiu deste mundo no dia sagrado conhecido como Vijaya Dashami, durante o período do dia em que o Senhor Sri Krishna chama as Gopis para sua divina rasa-lila. A partida de Sripada Maharaja aconteceu em Kolkata, o local sagrado do aparecimento de seu divino mestre Srila Prabhupada. Kolkata é também o local onde Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur e Srila Bhaktivinoda Thakura deixaram este mundo. O purificado corpo de Sripada Maharaja foi colocado em samadhi (eterna meditação) no Radha-kunda, Vrndavana.

Tradução por Bhagavan dasa (DvS)